Extintor de Incêndio em Dia: Como Saber se Está em Boas Condições?

Imagine a seguinte cena: um princípio de incêndio começa em um local onde há pessoas, mercadorias ou equipamentos. O extintor está ali, na parede, mas será que ele realmente funciona? Será que está pressurizado, carregado, dentro do prazo? A verdade é que muita gente não sabe verificar se um extintor de incêndio está em boas condições, e isso pode custar caro — em segurança, em vidas e até em multas.

Entender como fazer essa checagem é essencial, tanto para quem trabalha em empresas, quanto para quem tem extintor em casa, em veículos ou em condomínios.

Por que é importante verificar os extintores com frequência

Extintores não são itens meramente decorativos. Eles são equipamentos de emergência que precisam estar sempre prontos para uso. Segundo normas do Corpo de Bombeiros e da ABNT, a checagem desses dispositivos deve ser constante.

Se o extintor estiver fora do prazo de validade ou com lacre rompido, ele pode falhar no momento mais crítico. Além disso, há exigências legais: empresas e condomínios que não mantêm os extintores em dia estão sujeitos a multas e interdições.

Como fazer uma verificação visual básica

Antes mesmo de chamar um profissional técnico, qualquer pessoa pode fazer uma inspeção visual simples. Basta saber o que observar. Veja abaixo uma lista de pontos que você mesmo pode verificar:

• Selo do Inmetro: Todo extintor deve conter esse selo visível e intacto.
  
• Lacre de segurança: O pino do gatilho deve estar preso com um lacre inviolado. Se estiver rompido, é sinal de que já foi usado ou adulterado.
  
• Pressão interna: A maioria dos extintores possui um manômetro (relógio de pressão). O ponteiro deve estar na faixa verde.
  
• Etiqueta de validade: Verifique a data da última recarga e a data limite para nova manutenção.
  
• Condições externas: O cilindro não pode estar amassado, com ferrugem ou com sinais de vazamento.
  
• Etiqueta de manutenção: Todo extintor precisa ter uma etiqueta indicando quando foi feita a última manutenção técnica.
  

Esses pequenos detalhes ajudam a garantir que o equipamento está em condições mínimas para uso em uma emergência.

Tipos de manutenção e suas diferenças

Existem diferentes níveis de manutenção para extintores, cada um com suas particularidades. A seguir, explicamos os principais tipos definidos pela ABNT NBR 12962:

Manutenção de 1º nível – Inspeção rotineira

É a inspeção básica, que deve ser feita por qualquer pessoa, semanal ou mensalmente, dependendo do local onde o extintor está. Inclui verificação do lacre, manômetro e sinais visuais de danos.

Manutenção de 2º nível – Recarga

A recarga de extintores deve ser feita a cada 12 meses ou sempre que o extintor for utilizado, mesmo parcialmente. Nesse processo, a empresa especializada abre o cilindro, troca o pó químico (ou outro agente) e pressuriza novamente.

Manutenção de 3º nível – Ensaios hidrostáticos

Recomendada a cada 5 anos. Nessa etapa, o cilindro é testado com água em alta pressão para verificar se há microvazamentos ou fragilidades estruturais. Só empresas autorizadas podem realizar esse procedimento.

Quem pode fazer a manutenção dos extintores

Apenas empresas credenciadas pelo Inmetro e pelo Corpo de Bombeiros podem realizar a manutenção completa dos extintores. Isso garante que todos os procedimentos serão feitos conforme as normas técnicas.

Antes de contratar uma empresa, verifique se ela possui:

• Certificação do Inmetro atualizada
  
• Cadastro ativo no Corpo de Bombeiros da sua região
  
• Boas avaliações de outros clientes
  
• Uso de equipamentos homologados
  

Além disso, todas as etapas da manutenção devem ser registradas na etiqueta do extintor, com data e assinatura do responsável técnico.

O que diz a legislação sobre a manutenção de extintores

De acordo com a Portaria nº 206/2011 do Inmetro e a norma ABNT NBR 12962, todo extintor deve passar por manutenção periódica. No caso de ambientes comerciais, o Corpo de Bombeiros exige que as inspeções estejam atualizadas para liberar o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros).

Em empresas, escolas, prédios públicos e condomínios, a ausência de extintores em boas condições pode resultar em:

• Multas elevadas
  
• Interdição do local
  
• Problemas com seguro
  
• Responsabilização legal em caso de acidentes
  

Dicas para manter os extintores sempre prontos

A manutenção preventiva evita surpresas desagradáveis. Para manter tudo em ordem, siga essas dicas práticas:

• Estabeleça uma rotina de inspeção mensal visual dos extintores
  
• Guarde o contato de uma empresa certificada para serviços técnicos
  
• Não deixe o extintor exposto ao sol ou à chuva
  
• Evite locais onde o equipamento possa ser derrubado ou batido
  
• Treine sua equipe sobre como usar o extintor corretamente
  

Como saber se um extintor foi adulterado

Infelizmente, ainda há casos de empresas que reutilizam pó químico vencido ou não fazem a recarga corretamente. Algumas dicas para identificar possíveis fraudes:

• Desconfie de valores muito abaixo do mercado
  
• O lacre não pode estar frouxo ou com aparência de já ter sido mexido
  
• A etiqueta deve conter o nome da empresa e CNPJ
  
• O manômetro deve estar na zona verde após a recarga
  
• Verifique o peso do extintor: se estiver muito leve, pode ter sido fraudado
  

Caso você desconfie de adulteração, acione o Inmetro ou o Corpo de Bombeiros da sua cidade.

Sinais de que o extintor precisa de atenção imediata

Em algumas situações, o extintor deve ser encaminhado imediatamente para manutenção, mesmo que esteja dentro da validade. Veja quando isso acontece:

• Aparecimento de ferrugem no corpo do extintor
  
• Manômetro com ponteiro fora da zona verde
  
• Pó vazando pela válvula
  
• Etiqueta de manutenção danificada
  
• Ausência do lacre de segurança
  
• Sinais de uso, como fuligem ou resíduos
  

Ignorar esses sinais pode comprometer a segurança em caso de emergência.

É obrigatório ter extintor em veículos?

Sim. A obrigatoriedade depende do tipo de veículo:

• Carros de passeio: A exigência foi suspensa pelo Contran em 2015, exceto se o modelo for mais antigo e já vinha com extintor como item obrigatório.
  
• Caminhões e ônibus: Extintores continuam obrigatórios.
  
• Veículos escolares ou de transporte coletivo: Devem ter extintor com carga ABC.
  

No caso dos veículos que exigem o uso, o extintor precisa estar dentro da validade, com lacre intacto e manômetro na posição correta.

Como treinar alguém para usar um extintor corretamente

Saber que o extintor está funcionando não basta. É importante que as pessoas saibam como usá-lo de maneira segura. Algumas dicas para aplicar em treinamentos:

• Ensinar o significado das letras A, B e C nos extintores
  
• Mostrar como retirar o pino de segurança
  
• Simular a técnica correta: manter distância de 1,5 a 2 metros do foco e fazer movimentos de varredura
  
• Evitar apontar o jato diretamente para chamas altas
  
• Indicar a importância de evacuar o local se o fogo não for controlado rapidamente
  

Empresas podem contratar treinamentos com brigadistas ou instrutores certificados pelo Corpo de Bombeiros.

Quando trocar o extintor por um novo

Nem sempre é possível fazer a manutenção. Há situações em que o extintor precisa ser descartado e substituído, como:

• Vazamento irreparável
  
• Ausência de dados técnicos no rótulo
  
• Corpo do cilindro comprometido
  
• Reprovação em teste hidrostático
  
• Recusa da empresa em fazer a manutenção por risco de falha
  

Nesses casos, o extintor precisa ser descartado corretamente, em empresas autorizadas, para não causar impacto ambiental.

Crédito imagem – https://www.pexels.com/