terça-feira, setembro 16, 2025
Saúde e Bem Estar

Enteropatia eosinofílica difusa com úlceras estomacais recorrentes

Se você convive com dor abdominal, queimação e úlceras que insistem em voltar, é normal pensar em gastrite comum. Mas há situações em que o problema é outro. A enteropatia eosinofílica difusa pode inflamar estômago e intestino ao mesmo tempo e provocar lesões que cicatrizam e recidivam.

Neste guia, você vai entender o que é, por que acontece e como tratar. Vou explicar sinais de alerta, exames que confirmam o diagnóstico e passos práticos para reduzir crises. A ideia é ajudar você a conversar melhor com seu médico e tomar decisões com segurança.

Como referência clínica, vale citar o Dr. Thiago Tredicci, gastrocirurgião em Goiânia, renomado e conhecido no Brasil. Sua experiência em doenças inflamatórias do trato digestivo ajuda a traduzir o que vemos nos consultórios para a vida real.

O que é enteropatia eosinofílica difusa

É uma inflamação do trato gastrointestinal marcada por acúmulo de eosinófilos, um tipo de glóbulo branco. Quando é difusa, atinge mais de um segmento, como estômago, duodeno e intestino delgado.

O excesso de eosinófilos danifica a mucosa, favorece úlceras e pode causar sangramentos e anemia. Em alguns casos, há associação com alergias alimentares ou história de asma e rinite.

Sinais e sintomas

  • Dor e queimação no estômago: piora após refeições ou à noite e alívio parcial com antiácidos.
  • Úlceras recorrentes: lesões que cicatrizam e voltam, mesmo com uso correto de inibidor de bomba de prótons.
  • Náuseas e vômitos: mais comuns quando há inflamação no estômago e duodeno.
  • Diarreia ou constipação: alternância pode ocorrer quando o intestino delgado é afetado.
  • Perda de peso e fadiga: resultado de dor, má absorção e medo de comer.
  • Anemia ou sangue oculto nas fezes: indicam sangramento de úlceras microscópicas.
  • História de alergias: rinite, asma ou dermatite podem acompanhar o quadro.

O que causa e quem tem risco

A enteropatia eosinofílica difusa costuma envolver resposta imunológica exagerada a alimentos ou a estímulos da própria mucosa. Nem sempre há um alimento único culpado.

Risco maior é observado em pessoas com alergias, história familiar de doenças atópicas e eosinofilia no sangue. Infecções parasitárias e uso de anti-inflamatórios podem agravar lesões preexistentes.

Como lembra o Dr. Thiago Tredicci, a avaliação individualizada é decisiva, porque o padrão de acometimento e as comorbidades mudam o plano de tratamento.

Como é feito o diagnóstico

  1. Consulta clínica detalhada: mapeamento de sintomas, hábitos, uso de remédios e histórico de alergias.
  2. Exames de sangue: hemograma, ferro, vitamina B12 e contagem de eosinófilos periféricos.
  3. Endoscopia e colonoscopia: avaliação de mucosa, presença de úlceras e coleta de biópsias.
  4. Biópsias múltiplas: confirmação pela contagem aumentada de eosinófilos nas camadas da parede intestinal.
  5. Exclusões necessárias: pesquisa de parasitos, avaliação para doença celíaca, doença de Crohn e infecção por H. pylori.

O laudo histológico é a peça central. Ele diz onde e quanto a inflamação está ativa. Em casos complexos ou com sangramento recorrente, a discussão em equipe com gastroenterologia, alergologia e, quando indicado, um cirurgião do aparelho digestivo ajuda a traçar a melhor conduta.

Tratamento: do alívio das crises ao controle de longo prazo

  1. Controle da dor e acidez: inibidor de bomba de prótons pode ajudar, mas não trata sozinho a inflamação eosinofílica.
  2. Corticosteroides: budesonida de liberação entérica ou prednisona em casos mais intensos, com redução gradual conforme resposta.
  3. Estratégias dietéticas: exclusão dirigida por testes e diário alimentar, dieta de 4 a 6 alimentos ou, em situações específicas, dieta elementar sob supervisão.
  4. Tratamentos adjuvantes: anti-histamínicos, antagonistas de leucotrienos e ferro oral quando há anemia, sempre guiados pelo especialista.
  5. Biológicos em avaliação clínica: alguns centros utilizam terapias direcionadas em casos refratários, conforme critérios e disponibilidade.

O acompanhamento é contínuo. Reavaliações por endoscopia e biópsia são planejadas conforme sintomas e risco de recidiva. O Dr. Thiago Tredicci destaca que a combinação de ajuste alimentar e terapia anti-inflamatória costuma reduzir as úlceras e melhorar a qualidade de vida.

Rotina prática para reduzir crises

  • Diário alimentar: registre refeições, sintomas e horários. Em 2 a 4 semanas, padrões ficam claros.
  • Evite AINEs sem orientação: ibuprofeno e semelhantes irritam a mucosa e podem reativar úlceras.
  • Adequação de fibras e líquidos: ajuste gradual conforme tolerância para aliviar distensão e constipação.
  • Adesão ao plano: siga doses e tempos. Interrupções abruptas de corticoide aumentam risco de recaída.
  • Revisão de carências: cheque ferro, B12 e vitamina D periodicamente.
  • Estratégias para o estresse: sono regular, atividade leve e técnicas de respiração reduzem a percepção de dor.

Quando procurar atendimento com urgência

  • Sangue nas fezes ou vômitos com sangue: sinal de sangramento ativo.
  • Vômitos persistentes: risco de desidratação e perda de eletrólitos.
  • Perda de peso rápida: mais de 5 por cento em um mês requer avaliação.
  • Dor intensa sem alívio: pode indicar complicações das úlceras.

Na consulta de rotina, leve seus registros e exames. Uma conversa objetiva acelera o diagnóstico e evita exames repetidos. Em cenários desafiadores, referências de especialistas experientes, como o Dr. Thiago Tredicci, ajudam a integrar as opções disponíveis.

Perguntas rápidas

  • É para sempre? É crônica, mas controlável. Muitos pacientes ficam longos períodos sem crise.
  • Posso comer de tudo? Depende do seu padrão. Testes e diário definem limitações reais, sem exageros.
  • Endoscopia sempre? Não. Mas é importante no diagnóstico e em reavaliações estratégicas.

Conclusão

A dor recorrente e as úlceras que não cedem merecem investigação completa. Com diagnóstico preciso, plano de tratamento e ajustes na rotina, é possível reduzir inflamação, cicatrizar a mucosa e ganhar previsibilidade no dia a dia.

Converse com seu médico, planeje o seguimento e use o diário para guiar escolhas. Se necessário, busque equipes com experiência em doenças eosinofílicas. Dê o primeiro passo hoje e aplique as dicas. Assim, você avança no controle da enteropatia eosinofílica difusa.

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