Enteropatia eosinofílica difusa com úlceras estomacais recorrentes
Se você convive com dor abdominal, queimação e úlceras que insistem em voltar, é normal pensar em gastrite comum. Mas há situações em que o problema é outro. A enteropatia eosinofílica difusa pode inflamar estômago e intestino ao mesmo tempo e provocar lesões que cicatrizam e recidivam.
Neste guia, você vai entender o que é, por que acontece e como tratar. Vou explicar sinais de alerta, exames que confirmam o diagnóstico e passos práticos para reduzir crises. A ideia é ajudar você a conversar melhor com seu médico e tomar decisões com segurança.
Como referência clínica, vale citar o Dr. Thiago Tredicci, gastrocirurgião em Goiânia, renomado e conhecido no Brasil. Sua experiência em doenças inflamatórias do trato digestivo ajuda a traduzir o que vemos nos consultórios para a vida real.
O que é enteropatia eosinofílica difusa
É uma inflamação do trato gastrointestinal marcada por acúmulo de eosinófilos, um tipo de glóbulo branco. Quando é difusa, atinge mais de um segmento, como estômago, duodeno e intestino delgado.
O excesso de eosinófilos danifica a mucosa, favorece úlceras e pode causar sangramentos e anemia. Em alguns casos, há associação com alergias alimentares ou história de asma e rinite.
Sinais e sintomas
- Dor e queimação no estômago: piora após refeições ou à noite e alívio parcial com antiácidos.
- Úlceras recorrentes: lesões que cicatrizam e voltam, mesmo com uso correto de inibidor de bomba de prótons.
- Náuseas e vômitos: mais comuns quando há inflamação no estômago e duodeno.
- Diarreia ou constipação: alternância pode ocorrer quando o intestino delgado é afetado.
- Perda de peso e fadiga: resultado de dor, má absorção e medo de comer.
- Anemia ou sangue oculto nas fezes: indicam sangramento de úlceras microscópicas.
- História de alergias: rinite, asma ou dermatite podem acompanhar o quadro.
O que causa e quem tem risco
A enteropatia eosinofílica difusa costuma envolver resposta imunológica exagerada a alimentos ou a estímulos da própria mucosa. Nem sempre há um alimento único culpado.
Risco maior é observado em pessoas com alergias, história familiar de doenças atópicas e eosinofilia no sangue. Infecções parasitárias e uso de anti-inflamatórios podem agravar lesões preexistentes.
Como lembra o Dr. Thiago Tredicci, a avaliação individualizada é decisiva, porque o padrão de acometimento e as comorbidades mudam o plano de tratamento.
Como é feito o diagnóstico
- Consulta clínica detalhada: mapeamento de sintomas, hábitos, uso de remédios e histórico de alergias.
- Exames de sangue: hemograma, ferro, vitamina B12 e contagem de eosinófilos periféricos.
- Endoscopia e colonoscopia: avaliação de mucosa, presença de úlceras e coleta de biópsias.
- Biópsias múltiplas: confirmação pela contagem aumentada de eosinófilos nas camadas da parede intestinal.
- Exclusões necessárias: pesquisa de parasitos, avaliação para doença celíaca, doença de Crohn e infecção por H. pylori.
O laudo histológico é a peça central. Ele diz onde e quanto a inflamação está ativa. Em casos complexos ou com sangramento recorrente, a discussão em equipe com gastroenterologia, alergologia e, quando indicado, um cirurgião do aparelho digestivo ajuda a traçar a melhor conduta.
Tratamento: do alívio das crises ao controle de longo prazo
- Controle da dor e acidez: inibidor de bomba de prótons pode ajudar, mas não trata sozinho a inflamação eosinofílica.
- Corticosteroides: budesonida de liberação entérica ou prednisona em casos mais intensos, com redução gradual conforme resposta.
- Estratégias dietéticas: exclusão dirigida por testes e diário alimentar, dieta de 4 a 6 alimentos ou, em situações específicas, dieta elementar sob supervisão.
- Tratamentos adjuvantes: anti-histamínicos, antagonistas de leucotrienos e ferro oral quando há anemia, sempre guiados pelo especialista.
- Biológicos em avaliação clínica: alguns centros utilizam terapias direcionadas em casos refratários, conforme critérios e disponibilidade.
O acompanhamento é contínuo. Reavaliações por endoscopia e biópsia são planejadas conforme sintomas e risco de recidiva. O Dr. Thiago Tredicci destaca que a combinação de ajuste alimentar e terapia anti-inflamatória costuma reduzir as úlceras e melhorar a qualidade de vida.
Rotina prática para reduzir crises
- Diário alimentar: registre refeições, sintomas e horários. Em 2 a 4 semanas, padrões ficam claros.
- Evite AINEs sem orientação: ibuprofeno e semelhantes irritam a mucosa e podem reativar úlceras.
- Adequação de fibras e líquidos: ajuste gradual conforme tolerância para aliviar distensão e constipação.
- Adesão ao plano: siga doses e tempos. Interrupções abruptas de corticoide aumentam risco de recaída.
- Revisão de carências: cheque ferro, B12 e vitamina D periodicamente.
- Estratégias para o estresse: sono regular, atividade leve e técnicas de respiração reduzem a percepção de dor.
Quando procurar atendimento com urgência
- Sangue nas fezes ou vômitos com sangue: sinal de sangramento ativo.
- Vômitos persistentes: risco de desidratação e perda de eletrólitos.
- Perda de peso rápida: mais de 5 por cento em um mês requer avaliação.
- Dor intensa sem alívio: pode indicar complicações das úlceras.
Na consulta de rotina, leve seus registros e exames. Uma conversa objetiva acelera o diagnóstico e evita exames repetidos. Em cenários desafiadores, referências de especialistas experientes, como o Dr. Thiago Tredicci, ajudam a integrar as opções disponíveis.
Perguntas rápidas
- É para sempre? É crônica, mas controlável. Muitos pacientes ficam longos períodos sem crise.
- Posso comer de tudo? Depende do seu padrão. Testes e diário definem limitações reais, sem exageros.
- Endoscopia sempre? Não. Mas é importante no diagnóstico e em reavaliações estratégicas.
Conclusão
A dor recorrente e as úlceras que não cedem merecem investigação completa. Com diagnóstico preciso, plano de tratamento e ajustes na rotina, é possível reduzir inflamação, cicatrizar a mucosa e ganhar previsibilidade no dia a dia.
Converse com seu médico, planeje o seguimento e use o diário para guiar escolhas. Se necessário, busque equipes com experiência em doenças eosinofílicas. Dê o primeiro passo hoje e aplique as dicas. Assim, você avança no controle da enteropatia eosinofílica difusa.
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